Psiquiatra analisa fenômeno dos bebês Reborn e diz que apego pode estar ligado a fetiches e carências afetivas

  • 16/05/2025
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Psiquiatra analisa fenômeno dos bebês Reborn e diz que apego pode estar ligado a fetiches e carências afetivas

Bonecas hiper-realistas, conhecidas como Bebês Reborn, têm ganhado cada vez mais espaço nas redes sociais e, em alguns casos, ultrapassado os limites da fantasia infantil. O tema foi abordado nesta quinta-feira (15) no programa Vai que é Tua, da Rádio Uirapuru, em entrevista com o médico psiquiatra Carlos Hecktheuer, que lançou luz sobre as origens emocionais e psíquicas desse tipo de vínculo afetivo com objetos inanimados.

Segundo o especialista, o apego excessivo a bonecas Reborn pode ser compreendido como uma manifestação de fetiche — conceito que, na psiquiatria, não se resume apenas ao campo sexual, mas está relacionado à substituição simbólica de vínculos afetivos ou da própria sexualidade.“O fetiche é um objeto escolhido inconscientemente para representar a sexualidade ou uma carência emocional. Pode ser um pé, um cheiro, um casaco de couro — ou uma boneca”, explicou.

Para o psiquiatra, em muitos casos, esses vínculos representam tentativas inconscientes de lidar com sentimentos de solidão, desamparo ou traumas da infância. “Essas pessoas criam um objeto feitiçante. Elas projetam nesses bonecos a própria vida, o próprio ânimo. É como se a boneca tivesse vida, porque quem a manipula está atribuindo esse sentido”, afirmou.

O fenômeno tem gerado situações inusitadas, como casos judiciais em que casais disputam a “guarda” da boneca durante separações. Também circulam nas redes sociais perguntas como: “posso levar minha bebê Reborn ao pediatra?”, ou “posso pedir atestado médico para cuidar dela?”. Para Hecktheuer, o que parece absurdo à primeira vista pode esconder questões emocionais profundas.

Fonte Radio Uirapuru

Apesar da estranheza que o assunto ainda causa, Hecktheuer adotou um tom otimista:“Estamos num momento de transição. Coisas que antes eram escondidas, agora estão sendo verbalizadas. Isso nos dá a chance de entender melhor essas questões, tratar e evoluir emocionalmente como sociedade,” conclui.

“A boneca se torna uma extensão da própria identidade. Algumas mulheres, por exemplo, que não tiveram filhos ou que enfrentam limitações emocionais ou fisiológicas, buscam nessa boneca uma forma de vivenciar a maternidade sem as obrigações reais. Não é raro que isso esteja ligado à tentativa de preencher um vazio afetivo.”

O psiquiatra também comentou casos de homens que criam vínculos semelhantes com esses objetos. Em referência ao padre Fábio de Melo, que declarou publicamente ter adotado uma boneca Reborn com características de síndrome de Down, Hecktheuer apontou que a escolha reflete a complexidade das emoções humanas.“Veja o quanto a estrutura interior pode estar machucada. Não é apenas a substituição de um parceiro. É a tentativa de dar sentido à vida por meio de algo que se pode controlar, amar, cuidar — sem se expor ao risco emocional que envolve os vínculos humanos reais.”

Ao ser questionado se o fenômeno representa uma patologia, o médico respondeu que sim: trata-se de um comportamento estudado desde os primórdios da psicologia.“O fetiche é uma das primeiras patologias descritas. Os seres humanos, desde as civilizações antigas, atribuem poder a objetos. Hoje, com o avanço da tecnologia, esses objetos ganharam formas mais complexas — como bonecas hiper-realistas que simulam bebês ou parceiros. Mas o mecanismo psíquico é o mesmo.”


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